Um dia sua filha chega em casa e para sua surpresa fala que arranjou um namorado. Já passou da hora de ter aquela conversa sobre sexo, não é mesmo? Mães de hoje que foram filhas na década de 70 e 80 sabem que o discurso mudou bastante de lá pra cá. Apesar de o assunto ser liberado naquela época, não chegava a ser tema de conversa em casa. Hoje, como mães, elas não querem que suas filhas passem pelas mesmas angústias e por isso tentam se aproximar mais delas. Para o psicólogo Ítor Finotelli Júnior, não existe hora certa para falar sobre sexo, mas para falar e cuidar da sexualidade. E isso começa mais cedo do que se imagina. "Enquanto ocorre o amadurecimento da criança isso deve ser compartilhado com os pais. Ele não deve ser discutido só quando as dúvidas forem evidenciadas. Pais devem criar um momentos para que elas apareçam no contexto familiar e aproveitar para falar sobre o desenvolvimento da sexualidade dos filhos", explica o psicoterapeuta sexual e pesquisador do Grupo de Estudos e Pesquisas do Instituto Paulista de Sexualidade (GEPIPS). Mas pelo visto isso não acontece nos lares brasileiros. Uma pesquisa feita pelo psiquiatra Jairo Bauer com 7.520 jovens, com idades entre 13 e 17 anos, revela que apenas 30% dos entrevistados conversam sobre sexo em casa. Na casa da enfermeira Noelia Vieira do Nascimento, 49 anos, o assunto é discutido com seus filhos Gabriela, 14 anos, e os gêmeos Caio e Carla (21), que já está casada. "Quando cada uma ficou menstruada as levei imediatamente ao ginecologista e conversamos principalmente sobre DSTs, sem entrar em muitos detalhes. Só fui descobrir que a Carla não era mais virgem quando vi um teste de gravidez na bolsa dela, mas não estava grávida. Levei um susto naquele dia", relata. Noelia sempre preferiu ter uma conversa de mãe para filha e nunca assumir uma postura de amiga. Claro que a diferença de idade das duas filhas, seis anos, faz com que a sua relação com Gabriela seja mais aberta, também pelo incentivo da escola. "Parece pouco, mas é bastante diferente de uma geração para outra. A Gabi é mais informada e não tem receio de conversar", acrescenta. É comum encontrar casais na geração da Gabriela que já dormem na casa dos pais. A questão é polêmica. "Não aceito isso. Imagina eu dar bom dia para o namorado da minha filha, não estou preparada", enfatiza Carla Santos, mãe de Patrícia (16). Frases como, "se forem dormir juntos que durmam na minha casa" ou "meus filhos têm cama de casal justamente para isso", já são comuns no consultório do psicólogo. "Trata-se de um fator de proteção, apropriado desde que respeite a intimidade e privacidade dos membros que residam ali e também os limites e regras daquele local. Conversar e combinar são sempre o ideal".
Título: Vamos falar sobre sexo?
Autores: Juliana Lopes
Palavras-Chave: filhos; crianças; sexualidade; conversar sobre sexo; pais e filhos; sexualidade adolescentes; sexo na adolescência; como falar sobre sexo; dsts adolescentes
Categoria: Trabalhos técnicos: Entrevista para Portal Vila Filhos
Fonte: Vila Filhos
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