Historicamente os problemas de ereção peniana tem sido uma preocupação para homens que os tem e tratamentos psicológicos foram os mais divulgados pelas décadas de 1950 a 1980, quando os tratamentos médicos iniciaram divulgação e se completaram com o advento de medicamentos facilitadores de ereção ao final da década de 1990. Ainda são muitos homens que reconhecem que suas dificuldades precisam de tratamento psicológico, especialmente quando as propostas orgânicas e médicas não puderam cumprir as expectativas. O questionário Inventário de Sexualidade Masculina – forma DEIV (Rodrigues Jr., 2007), foi aplicado a seguir da entrevista psicológica semi-estruturada, na hora seguinte, em privacidade e em sala diferente da usada para a entrevista. Foram 45 pacientes, com idade média de 35,71 anos (DP=10,37 Idade mínima = 20 anos; Idade máxima = 62 anos). São casados 46,7%, e os restantes solteiros ou separados. Eram homens com grau universitário (84,1%). Homens com queixa de disfunção erétil que buscam tratamento psicoterápico especializado em sexualidade consideram-se terem sido sempre curiosos com relação a sexo (65,9%) ou desenvolveram esta curiosidade após aparecimento do problema sexual (20,5%). As primeiras informações sobre sexualidade foram recebidas aos 11 anos (entre 4 e 16 anos) de idade, com amigos de mesma idade (45,4%) ou com a concepção de ter aprendido sozinho (15,5%). Sobre jogos sexuais infantis não praticaram (53,3%) ou os que praticaram consideravam normal (32,3%) os jogos de troca-troca, masturbação mutua ou em grupo na infância. Interessante é que 8,9% referem ter participado destes jogos e que consideram estas vivências parte da causa de seus problemas sexuais. O ato sexual somente foi visto em filmes (56,9%) ou pela TV (31,8%), sendo que apenas (6,8%) viram os pais em atividades sexuais. A masturbação iniciou-se aos 12 anos (entre 7 e 16 anos), com frequência diária (32,6%) ou de 1 a 2 vezes por semana (20,9%). Atualmente a masturbação ocorre de 2 a 3 vezes ao mês (63,7%) sem sentimentos de culpa (63,7%), embora 20,5% considere ser bom mas que não devia fazê-lo, ou sentem –se culpados (11,4%). Estes homens consideram que sempre foi fácil arranjar namoradas (47,8%), embora 11,4% tenham se casado com a primeira namorada. A primeira relação sexual foi aos 17 anos (entre 8 e 27 anos), com uma amiga (32,5%), namorada (25,6%) ou prostituta (23,2%). A primeira relação sexual foi homossexual para 11,6% desta amostra. Sentiram que foi bom (50,1%) sendo que para 20%, além de ter sido bom trouxe um sentimento de realização, e para 16% foi confuso. A razão para o encontro sexual é o prazer (55,5%) ou o desejo (53,3%) ou a atração física (39,9%). A preocupação com a possibilidade de engravidar a parceira sexual ocorre sempre em 25,6% destes homens, ou às vezes em 18,6%. Não contraíram doenças sexualmente transmissíveis (73,3%) ou tiveram gonorreia (15,5%). A nudez solitária é vivida com prazer (38,7%) ou com indiferença (34,1%). Junto de outra pessoa de mesmo sexo é desconfortável (43,2%) ou indiferente (34,2%); se for uma mulher é indiferente (27,2%) ou desconfortável (22,8%), sendo excitante para 41%.A homossexualidade feminina traz curiosidade para 34,2%, e 15,9% teme tornar-se homossexual. O desejo sexual com para com a parceria sexual é ausente em 26,2%, ou variável (21,4%). Para outras mulheres é intenso (34,9%) ou variável (34,9%). As mamas são a parte do corpo mais atraente na parceria sexual (40,1%) secundado pelas nádegas (35,7%), embora 37,8% afirme ser ela por inteiro. A barriga é parte rejeitada da parceria sexual (36,4%). Não se sentem satisfeitos com a parceria sexual em 47,6% os casos. Não acham que a parceira sexual tenha problemas (47,7%), embora 40,4% considere que ela tenha algum tipo de problema sexual. A parceria sexual mostra-se ressentida com o problema erétil (15,9%) ou é cooperativa (23,3%) ou irá ajudar a resolver o problema sexual em 22,6%. Estes homens não consideram que sua parceira sexual seja a causa do problema que vivem (54,5%). A última relação sexual satisfatória havia sido há uma semana (20,5%) ou há seis meses (20,5%). Um fator cognitivo importante é to medo de não conseguir, de fracassar (67,5%). Ficam nervoso dependendo da parceira (20,9%) ou sempre (16,3%). Uma pequena porcentagem (7%) confunde excitação sexual com nervosismo, considerando este um sinal da primeira. Os problemas psicológicos de algum tipo (57,5%) ou a preocupação de não conseguir desempenhar o sexo (62%) são considerados como causa da dificuldade sexual, além do cansaço ( 8,9) e o trabalho (11,1%); além disso, 15,5% não apresentam compreensões de fatores intervenientes na vida sexual. A dificuldade com a ereção é na obtenção (41,%) ou na manutenção (41%). A ejaculação é considerada normal quanto ao tempo para a parceira obter orgasmos (32,4%), e muito rápida para 31,1%, sendo que 23% consideram que ejaculam sempre antes da parceira poder ter orgasmos. Ejaculação ante-porta ocorre em 7,1% e em 9,5% ela acontece sem mesmo ter ereção peniana presente. O médico urologista é o profissional de saúde que já foi procurado para tentar resolver o problema sexual (62,8%) ou um psicólogo/psiquiatra (28%). Estes homens percebem-se muito preocupados com a vida (73,3%) ou nervosos (16,6%) ou tem períodos de tristeza (23,3%). O uso de bebidas (235%) ou cigarros (20,3%) são as substâncias mais usadas por estes homens. No caso do álcool, mais 32,2% afirmam fazer uso social da bebida. Estudos em outros tipos de população podem ser úteis para o planejamento de psicoterapia nestas populações. Estas informações obtidas podem facilitar a organização e planejamento do processo psicoterápico para homens com queixas eréteis. A compreensão das características populacionais e do histórico sexual de pacientes promove o direcionamento dos estudos auxiliares para o tratamento destes pacientes.
Título: Problemas de ereção: quem é o homem que aceita o tratamento psicológico?
Autores: Oswaldo Martins Rodrigues Jr.; Ítor Finotelli Jr.; Diego Henrique Viviani
Palavras-Chave: inventário sexual; disfunção erétil; disfunções sexuais; sexualidade masculina; etiologia
Categoria: Trabalhos publicados em eventos científicos
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