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As alterações propostas para a Ejaculação Precoce (EP) na versão cinco do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V) operacionalizaram um patamar antes sugerido para essa disfunção. Em comparação a disfunção erétil, a EP ainda percorre uma trajetória no estabelecimento de critérios diagnósticos precisos, e principalmente, funcionais. Observa-se que esse “novo”patamar proporcionou um alívio aos profissionais que atuam diretamente com o problema, mas ao mesmo tempo, permanece a preocupação em relação à operacionalização da disfunção. Se por um lado o critério principal estabeleceu um parâmetro mensurável, baseado em evidências empíricas, por outro simplificou em demasia o diagnóstico.  O critério principal é conhecido por tempo de latência intravaginal para a ejaculação (IELT), definido pelo número em segundos/minutos entre a inserção do pênis na vagina até a ejaculação. Embora orientado por uma prática sexual de penetração vaginal, o DSM-V considerou a aplicação desse critério em outras práticas, porém sem especificar o período de duração. É nesse sentido que se observa o entrave, pois mesmo com conceituação empírica, ele não é abrangente, além de arbitrário, devido a um número significativo de pesquisas que investigaram a flutuação da estimativa desse tempo em indivíduos com e sem queixas de EP. Outro critério estabelecido pelo DSM-V foi o duo sofrimento/satisfação, importante, porém não específico da EP. Uma alternativa indicada para o dilema exposto tem sido proposta pelas pesquisas sobre a percepção do senso de controle ejaculatório, que demonstraram um forte poder preditivo, além de evidenciarem que homens sem EP relataram um controle bastante elevado sobre a ejaculação em comparação a homens com tempos curtos de IELT. Apesar dos expressivos resultados, a dificuldade em estabelecer essa dimensão como um critério reside na sua mensuração. Trata-se de uma medida subjetiva na qual o indivíduo sabe que mantém controle,  vivencia mais prazer, porém não se sabe descrever como isso funciona. Essa talvez seja a principal batalha contra a EP, a possibilidade de um indivíduo ter prazer pelo tempo que desejar. Pela lógica, esse é o raciocínio, quanto mais tempo um indivíduo gasta em uma atividade de prazer, mais prazer ele terá. Ou ainda manter-se-á a justificativa sexista e heteronormativa de que a EP existe por conta do prazer feminino ou que as mulheres demoram mais na resposta sexual. Por fim, acredita-se que a consequência desses novos critérios trará uma grande preocupação social em relação à disfunção. Uma reação em cadeia iniciada com o aumento da prevalência da EP na população a partir desses critérios, notícias sensacionalistas na mídia de maneira geral e uma corrida farmacêutica na busca de uma solução medicamentosa. Nos consultórios, os autodiagnósticos permanecerão dessa vez com evidências tabuladas em planilhas criadas pelos próprios pacientes. O “vai ser bom, não foi?”continuará! Após a Era Viagra, a segunda mais famosa disfunção sexual masculina se tornará a primeira nos novos tempos, e o desafio em relação à EP continua. 

 

Título: Vai ser bom, não foi? Ejaculação Precoce

Autores: Ítor Finotelli Jr.

Palavras-Chave: ejaculação precoce; disfunções sexuais; sexualidade masculina; psicoterapia sexual; dsm-v

Categoria: Trabalhos publicados em eventos científicos

 

Referência: Finotelli Jr., I. (2013). Vai ser bom, não foi? Ejaculação Precoce. Trabalho apresentado no XIV Congresso Brasileiro de Sexualidade Humana. Sociedade Brasileira de Estudos em Sexualidade Humana, Rio de Janeiro, 10-11.

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